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Sinopse: Tudo o que Dorothy queria era ter uma vida igual à de sua chefe Relena Yui: fama, dinheiro, um marido lindo e apaixonado e um adorável bebê... O que ela não sabia era que cuidar de uma menina de dez meses dava o maior trabalho! Fic em Português. 4xD.


DESEJOS SECRETOS
Por Andréa Meiouh



Reino de Sanc, ano 205 Depois da Colonização.




Tudo que Dorothy Catalonia queria na vida era ser como sua chefe, ídola e amiga Relena Yui. A antiga soberana da Terra tinha tudo que qualquer mulher gostaria de ter: fama, dinheiro, um marido apaixonado e o mais belo bebê que a loira já tinha visto. Não que ela tivesse visto muitos. Na verdade, somente os gêmeos de Zechs e Noin e alguns sobrinhos de Quatre.

A pequena Hope Yui, assim como seu próprio nome dizia, era símbolo de esperança. Filha de dois conhecidos pacificadores, o nascimento da garotinha fortaleceu os ideais da possibilidade de uma paz verdadeira, sem armas, sem guerras. Entretanto, era difícil para Relena e Heero manter uma vida familiar ‘normal’ com agendas tão assoberbadas. Por isso, Dorothy se ofereceu para tomar conta da criança enquanto o casal participava de uma conferência de paz na Colônia L-2.

‘Isto não pode ser tão complicado’, ela havia pensado. Afinal era só um bebê. E ambas estariam no conforto do palácio dos Peacecraft, residência oficial da família Yui. Duas semanas cuidando de uma criancinha perfeita e adorável seria moleza, depois de tudo que já passara.

Doce ilusão, ledo engano...

Hope sentiu falta dos pais horas depois que estes partiram e começou uma choradeira sem fim. Dorothy não fazia idéia que os pulmões de um bebê de dez meses seriam tão potentes. Os tímpanos já doíam e a secretária não sabia mais o que fazer. Para piorar, Relena tinha dado férias para todos os empregados.

“Vamos, queridinha... Pare de chorar...”, implorava, balançando a menina nos braços, andando em círculos na grande sala de estar.

Um barulho estridente sobrepôs-se ao choro. Era o telefone.

“Mas que droga...”, praguejou Dorothy, ajeitando Hope nos braços.

Dirigiu-se o mais rápido que pode para o escritório e atendeu antes que a pessoa do outro lado da linha desistisse. Na tela, o rosto de Quatre apareceu. Já havia se passado dez anos desde a guerra entre a Esfera Terrestre e as Colônias Espaciais. Os gundams foram destruídos no ano seguinte, logo após o incidente com Mariméia Krushrenada e seus pilotos trabalhavam como Guardiões, ajudando Relena e Lady Une a manter a paz. O jovem herdeiro da milionária fortuna dos Winner dividia seu tempo entre as missões e a empresa da família.

“Olá, Dorothy!”.

“Como vai, Quatre?”, respondeu ela, balançando o bebê mais forte.

“Parece que liguei em uma hora ruim, não é? Como está Hope?”.

“Nada bem, como pode ver. Ela sente falta dos pais...”, a loira suspirou. “Como Relena conseguia fazer tudo e não enlouquecer?”.

Quatre sorriu. “Isso eu não posso responder...”.

Embora desejasse conversar com ele, Dorothy sabia que não podia ficar com a menina esgoelando nos braços. “Por que ligou, Quatre?”.

“Prometi a Heero que ia dar uma olhadinha em vocês duas enquanto eles estivessem fora...”.

“Ele ainda não confia em mim. Humpf!”.

“Velho hábitos custam a mudar, Dorothy...”, Quatre sorriu. “Se ele conhecesse você como eu conheço, certamente mudaria de opinião a seu respeito”.

A pele clara da mulher não disfarçou em nada o rubor que cobriu suas faces. “Quatre Raberba Winner...”, fuzilou o namorado com os olhos já que não estava em condições de retaliar da maneira como gostaria. Mas quando o encontrasse...

No vídeo-fone, Quatre apenas riu. “Vejo que você está com problemas... Em quinze minutos estarei aí, me espere”. Dizendo isto, desligou.

“Quatre!”. Pasmada, diante do aparelho, demorou a perceber que Hope tinha parado de chorar e a observava com atenção. “Você gosta de me ver em apuros, não?”, falou com a pequena, que estendeu a mão para a tela do telefone. Ela havia reconhecido Quatre e por isso se acalmara.

* * * *

Quinze minutos exatos, Quatre batia na porta da residência dos Yui. Vestido com o terno de linho que era obrigado a usar para participar das reuniões da diretoria da empresa, ele ia pra casa quando se lembrou de ligar para Dorothy e ver como estavam as coisas. Não se surpreendeu ao ver Hope aos prantos. Não sabia o que tinha na cabeça da namorada ao aceitar ficar com o bebê.

Sorriu levemente ao vê-la abrindo a porta. Os cabelos loiros platinados, sempre penteados, estavam uma bagunça e a roupa, normalmente impecável, estava amarrotada e com algumas manchas. Ela estava bem longe da costumeira aparência perfeita que exibia com orgulho.

“Espero que você não fique a noite toda aí, parado, rindo de mim, Quatre Winner”, fumegou ela, soltando faíscas dos olhos azuis.

“Claro que não, Dorothy”, o sorriso aumentou ainda mais. “Deixe-me pegá-la, você parece exausta”. Tomando a menina nos braços numa habilidade surpreendente, Quatre foi entrando na casa. Entregou a pasta, o casaco e o paletó para a namorada e seguiu direto para a sala de TV.

Pela segunda vez naquela noite, a loira ficou pasma com o comportamento do ex-piloto. Seguiu para o armário, alisando com suavidade as peças de roupa que trazia nas mãos. Levou o paletó até o rosto e aspirou o perfume masculino de Quatre. O loiro tímido e sensível, de olhos tão belos, tinha sido a única pessoa a ultrapassar a barreira que levara anos construindo em torno de si mesma, dez anos atrás quando duelavam na Libra.

Na outra sala, Quatre acalmava a afilhada. Na realidade, Hope tinha quatro padrinhos, pois Relena não conseguira decidir qual deles seria ‘o’ padrinho. Notou que a pequena estava seca e não tinha fome, pois recusara a mamadeira que ‘tio’ Quatre tinha oferecido.

“Então por que você estava chorando daquele jeito, Hope?”, perguntou, fitando o bebê com carinho. “Só para perturbar a Dorothy?”.

Aninhando-a nos braços, começou a cantarolar uma música de sua terra. Lentamente, Hope foi fechando os olhos. Quando Dorothy entrou na sala, a menina já estava adormecida.

“Como você conseguiu?”, ela estava de queixo caído.

“Muitos sobrinhos...”, ele sorriu, sem mencionar que provavelmente a menina estava exausta de tanto chorar. “Acabei pegando o jeito”.

A secretária de Relena bufou e jogou-se na poltrona mais próxima, arrancando outro sorriso de Quatre, que ainda não entendia o porquê daquela idéia louca de cuidar da filha de Relena. Dorothy não tinha nenhuma experiência com crianças. Sempre que a convidava para visitar suas irmãs e os sobrinhos, a loira retrucava e arrumava uma desculpa. Só fora uma única vez e ficara apavorada com o bombardeio de perguntas que as crianças fizeram-lhe.

Resolveu perguntar, a curiosidade já estava o matando. “Dorothy, sei que você quer fazer seu trabalho da melhor maneira possível... Mas, por que cuidar de Hope?”.

“Relena não queria deixar a menina com Noin, nem com Sally... Elas já estão muito ocupadas com suas próprias famílias e carreiras. Hilde se ofereceu, mas se ela viesse, Duo também viria...”, Dorothy revirou os olhos. “Ia ser aquela bagunça, você sabe... Catherine e Trowa estão em turnê com o circo. Eles iam cancelar a conferência, já que Heero recusou-se terminantemente em contratar uma babá. Então me ofereci. Pensei comigo mesma: ‘não vai ser difícil cuidar de um bebê tão adorável’. Enganei-me completamente”.

Quatre fitava a namorada com simpatia. Sabia muito bem o trabalho que uma criança pequena poderia dar, principalmente se era a primeira vez que ficava tanto tempo longe dos pais. Levantou-se devagar e seguiu para a escadaria, com Dorothy logo atrás. Entrou no quarto da menina e colocou Hope no berço, ligando o ‘baby-talk’. Assim ficariam sabendo quando ela chorasse. Pegou Dorothy pelo braço e a conduziu para fora fazendo o mínimo de barulho possível.

“Ligarei para Rashid, pedindo que traga minhas coisas. Ficarei com vocês aqui”, disse assim que fecharam a porta. “Peça aos empregados para arrumarem mais um quarto e que preparem o jantar, estou morto de fome”.

Mas ao invés de replicar, ela ficou em silêncio, o que surpreendeu o namorado. “O que foi, Dorothy?”. Sabia que tinha alguma coisa errada.

“Relena deu folga aos empregados”, respondeu ela, corada.

Quatre a fitou, ainda sem entender. Então não há mais ninguém na casa. Dorothy não estaria com vergonha de ficar sozinha com ele, estaria? Eles já tinham passado dessa fase no relacionamento deles... Não era isso. Então por que motivo... Subitamente teve um estalo. Não havia empregados, logo não havia comida, nem lençóis limpos, nem nada do gênero, pois a secretária da princesa do Reino de Sanc não sabia nada de como administrar uma casa, nem mesmo fritar um ovo.

O caso era mais sério do que ele supunha.

“Você ainda vai ter que me dizer a verdadeira razão de ter se metido nessa encrenca, minha querida”, disse ele, puxando-a para si e beijando o topo da cabeça loira.

O tempo amadurecera o jovem piloto que Dorothy conhecera tempos atrás. Mais alto, mais forte e mais seguro de si. Quatre finalmente percebera sua capacidade de liderança, deixando a insegurança para trás. Chefiava as empresas Winner, participava das missões dos Guardiões e agora cuidaria da namorada tola e da afilhada.

* * * *

Alguns telefonemas depois, estavam na sala de TV novamente. Rashid tinha levado os pertences de Quatre e este, depois de um bom banho, encomendara pizza e refrigerantes. O líder das Forças Magwanac prometera mandar empregados da mansão Winner na manhã seguinte para ajudar o patrão. Tudo estava resolvido. Eles tinham a noite inteira pela frente.

Estavam sentados no sofá assistindo um filme antigo. Ou melhor, somente Quatre assistia, pois Dorothy ia e voltava do mundo dos sonhos, aninhada no peito do ex-piloto, que deslizava os dedos longos pelos cabelos platinados dela.

“Fiz tudo isso para saber se poderia...”, murmurou ela à certa altura.

“Hum?”.

“Uma família, Quatre... É tudo que quero...”.

O loiro sorriu compreendendo, finalmente. Então aquele era o desejo ‘secreto’ de Dorothy... Estava feliz, pois tinha o mesmo desejo. Virou-a nos braços, de forma que pudesse beijar o rosto cansado. Testa, olhos, bochechas, nariz... Ele beijou tudo até chegar aos lábios.

“Não se preocupe, querida Dorothy”, murmurou entre beijos. “Teremos nossa família, meninos e meninas lindas como você...”.

“Espero que elas não chorem tanto quanto Hope”, suspirou ela. “Meus ouvidos ainda doem”.


FIM



Nota: Dorothy e Quatre: Um casal muito bacana de escrever! Este fic é um presente para uma das melhores amigas que tenho na net: Sandrinha. Parabéns, querida. Espero que goste, fiz de coração!

Esclarecimento: Gundam Wing pertence à Bandai Ent., Sotsu Agency/Sunrise. Todos os direitos reservados.